PARTIU ONTEM
Quase três dezenas de expedicionários partiram de Coimbra carregados de "razão" humanitária para com os demais defavorecidos
Uma mão amiga na luta dos mais desfavorecidos da Guiné-Bissau partiu ontem de Coimbra para mais uma expedição humanitária. Pelo quinto ano consecutivo, a boa vontade e solidariedade integra desta vez, para além dos habituais elementos da Associação Humanitária Memorias e Gentes, uma delegação de entusiastas do Mototurismo do Centro e Viver 100 Fronteiras.
Segundo João Moreira, presidente da Associação Humanitária Memórias e Gentes, sedeada em Taveiro (Coimbra), «foi muito gratificante recolher todos os materiais provenientes de empresas que, apesar do conturbado período de crise, corresponderam positivamente ao nosso apelo e que em muito vão contribuir para o sucesso desta missão».
«Após a chegada a Bissau, todas as dádivas das empresas portuguesas vão poder chegar com todo o carinho e amizade a todos os guineenses mais carenciados. Vamos, inclusivamente, ao interior da Guiné-Bissau e distribuir pelas escolas, creches e infantários, onde praticamente nada existe, para doar materiais escolares e brinquedos. Ao mesmo tempo, é nossa missão fazer chegar o mais rápido possível os materiais hospitalares e médicos às unidades de saúde, que tanto estão a precisar», sustentou ainda João Moreira.
Outro grande objectivo e que teve início o ano passado, passa pela construção do jardim-de-infância Casa Mansa, em Varela, junto à fronteira do Senegal: «Podemos adiantar que já contamos com o edifício para o desenvolvimento deste projecto, bem como material para o equipar. A previsão aponta para que esse espaço seja utilizado por 200 crianças, onde existe a falta de tudo, desde a educação à saúde, passando pelos cuidados básicos. Sendo esta uma região piscatória e com transformação artesanal do peixe fumado, estas crianças passam o dia nas costas das suas progenitoras inalando fumos dessa actividade», acrescentou.
A convite da Associação Humanitária Memórias e Gentes, o Mototurismo do Centro associou-se este ano à expedição de solidariedade. Liderado pelo presidente José Valença, os cinco “motards”, que contam com o apoio do Viajardemoto, prepararam cuidadosamente a expedição, a fim de prestigiar a acção e a cidade de Coimbra.
No mesmo “barco” seguiu Natália Oliveira, de Santa Maria da Feira e presidente da “Viver 100 Fronteiras”, que partilha a condução de uma ambulância doada pelos Bombeiros de Águeda com outra sócia da associação.
Na bagagem segue a esperança da recompensa
A comitiva, composta por 28 expedicionários que se deslocam em cinco viaturas de todo-o-terreno, uma ambulância, uma de apoio e cinco motos, partiu ao final da manhã de ontem do Largo da Portagem com destino a Guiné-Bissau, cuja chegada está prevista para terça-feira, dia 3 de Março.
Na bagagem segue a esperança de uma viagem de contornos singulares. A paisagem até pode ser cinzenta, mas a luz do sol irá guiar a comitiva para conceder um abraço a quem mais precisa. Com muita coragem e insistência, dado tratar-se de uma aventura africana amplíssima, a esperança recompensa pela solidariedade com o povo materializado pela guerra.
Pese embora a distância e dificuldades inerentes ao longo de seis dias e 5.200 quilómetros de percurso, a caravana aposta fortemente no espírito humanitário a fim de superar obstáculos que possam surgir. Na hora da despedida, que contou com a presença maciça de familiares e amigos, aos quais se juntaram o governador civil de Coimbra, Henrique Fernandes, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Encarnação, presidente da Junta de Freguesia de S. Martinho do Bispo, Antonino Moura Antunes, representantes da Junta de Freguesia de Taveiro, IPAD, Fundação Bissaya Barreto, Saúde em Português, Mototurismo do Centro e patrocinadores, ficou a concepção que Coimbra tem mais encanto. Algumas lágrimas brotaram mas a viagem rumou ao sul de Espanha, com os olhos postos em Marrocos, Mauritânia, Senegal e Guiné-Bissau.
Carlos Sousa
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