segunda-feira, 9 de março de 2009

NOTÍCIAS







Domingo 8 de Março de 2009

Bissau: Viúva do falecido Chefe de Estado contra funeral no cemitério local














Nino embalsamado

  • Médicos senegaleses prepararam o corpo do ex-presidente. Funeral poderá ser na terça-feira
O corpo de Nino Vieira foi embalsamado por médicos senegaleses, mas ontem subsistiam ainda dúvidas quanto à realização do funeral: terça-feira foi o dia marcado pela Comissão de Acompanhamento criada para gerir as duas cerimónias fúnebres. O facto de ser autorizado o embalsamamento do cadáver do ex-presidente indicia claramente que as autoridades guineenses equacionaram depositar a urna no panteão dos heróis nacionais no Forte de Amura, local onde se encontram os restos mortais de Amílcar Cabral, líder da luta de libertação contra o colonialismo português, em pleno centro de Bissau. Porém, face à tensão latente entre os militares, receia-se que os familiares e tropas fiéis a Tagmé na Waie possam exigir para o general assassinado o mesmo tratamento que vier a ser dado a Nino Vieira, o que contribuiria para a eclosão de novas confrontos.
Até ontem, Isabel Vieira, viúva do ex--presidente assassinado, mantinha-se irredutível na decisão de não autorizar a realização do funeral do marido para o cemitério de Bissau, mantendo--se a possibilidade de o corpo ser entregue à família após receber honras militares e outras que a Constituição prevê para presidentes da República falecidos no exercício das funções. Segundo apurou o CM, há quem defenda que o estatuto de Tagmé Na Waie não tem paralelo com o de Nino Vieira, líder militar na luta de libertação e com mais de 21 anos como presidente da República. As posições radicalizam-se a poucas horas do primeiro funeral, o de Tagmé, marcado para esta manhã, às 11h00. A Comissão criada para este efeito ainda não se pronunciou.
Sabe-se apenas que a estrada por onde se fará o percurso para o cemitério foi aplanada e no cemitério duas covas foram preparadas, lado a lado, para receber os cadáveres de Nino Vieira e de Tagmé Na Waie. Falta saber se vão ser os locais do descanso eterno destes dois homens com destinos cruzados.



























TRÊS DETIDOS POR ASSASSÍNIO
A comissão de inquérito militar encarregada de investigar o assassínio do general Tagmé Na Waie ordenou ontem a detenção de duas ou três pessoas por envolvimento no crime. Entretanto, o ministro da Administração Territorial, Baciro Dabó, informou ontem que vários militares foram à sua residência "com bazucas e metralhadoras", alegadamente para prender um dos guarda-costas do ministro. A comissão militar tem dez dias para apresentar conclusões.






ENTREVISTA
"TEMOS DE NOS UNIR"
Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior afirma que os militares têm o seu Ministério, são parte integrante do governo e que com o apoio da comunidade internacional vão evitar novos sobressaltos.
Correio da Manhã – Kumba Ialá afirma que não reconhece o presidente interino, Raimundo Pereira, e que deveria ser ele o presidente. Preocupam-no essas afirmações?
Carlos Gomes Júnior – Não tenho nada a dizer sobre essa matéria, a não ser que o presidente interino tem toda a legitimidade para exercer o cargo que lhe foi conferido pela Assembleia da República.
– Mas esta reivindicação não será mais um foco de tensão para a Guiné-Bissau?
– Digo apenas a todos os guineenses que tenham contenção nas palavras, sejam solidários e unidos numa altura tão delicada quanto esta, para que possamos estabilizar o país.
– Há condições técnicas para se realizar eleições em apenas sessenta dias?
– Reafirmo que tudo faremos para respeitar os prazos previstos na nossa Constituição, mas é óbvio que precisamos da ajuda da comunidade internacional para realizar esta eleições no prazo previsto.
– O seu partido, o PAIGC, está em condições de conseguir, em apenas sessenta dias, um candidato de peso?
– Terá de ser a direcção do partido a decidir quem será esse candidato.
– Admite ser essa pessoa?
– Neste momento, a nossa grande preocupação é a estabilidade do país. Depois destes acontecimentos dramáticos é tempo de gerar um consenso entre todos os guineenses, para que o país entre na normalidade.
– Até que ponto este acontecimento afectará a confiança da comunidade internacional na gestão do país?
– Foi um acontecimento triste e totalmente imprevisto, numa altura em que a vida dos guineenses estava a melhorar. Mas este povo já deu provas da sua maturidade e vai ultrapassar mais esta contrariedade.
– Para quando a submissão dos militares à sociedade civil?
– Há uma separação institucional. Os militares têm o seu Ministério, são parte integrante do governo. Tem havido sobressaltos, mas só com diálogo e o apoio da comunidade internacional se poderá evitar nova agitação.
– Nino e Tagmé eram um entrave à sua governação?
– Não comento.
– É verdade que Nino Vieira o mandou chamar várias vezes após o atentado contra Tagmé?
– Não comento. Estamos numa fase crítica e a prioridade é estabilizar o país.
– Está em condições de garantir que os funerais vão decorrer sem incidentes?
– Foi criada uma comissão para tratar das formalidades, incluindo uma subcomissão para a segurança das cerimónias.
– Portugal e Angola são fundamentais para a Guiné-Bissau?
– A Guiné tem recebido apoio político e financeiro de Portugal. Depois das eleições, recebemos garantias do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, de que será promovida uma conferência de doadores logo que possível. Em relação a Angola, estamos a contar com o apoio do governo para abrir uma embaixada em Luanda. Temos importantes apoios de cooperação e Angola já investiu pelo menos 320 milhões de dólares.











































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