segunda-feira, 23 de março de 2009

NOTÍCIAS






Sábado. 21 de Março de 2009

CARLOS GOMES JÚNIOR



















Carlos Domingos Gomes Júnior tem um perfil diferente de todos aqueles que já ocuparam a cadeira do poder na Guiné-Bissau. Desde logo por ter sido o único a vencer por duas vezes o escrutínio popular, mas, sobretudo, porque ao contrário dos antecessores abraçou a carreira política com o rótulo de milionário. Um comerciante ‘puro e duro’, que abraçou a política com o à-vontade de um diplomata.
O seu primeiro combate foi contra o autoritarismo do pai, de quem herdou o nome, que nunca admitiu que qualquer dos cinco filhos alcançasse a independência financeira sem a sua bênção. Cadogo Jr., como é conhecido no país, não se atemorizou e, com pouco mais de 20 anos, teve uma ideia genial: promoveu a venda do seu carro, de marca Simca, numa rifa, em função do número da lotaria portuguesa. Num país com população muito inferior à de Portugal (um milhão de habitantes no censo de 1960), as probabilidades de alguém acertar eram poucas. Foi o que aconteceu. Carlos Gomes reteve o carro e o dinheiro dos compradores, que lhe serviu para investir na compra de bens dos retornados portugueses após o 25 de Abril. O pai nunca lhe perdoou tamanha ousadia e as relações entre os dois ainda estão por normalizar.
Foi em 1980 que começou a grande amizade com Nino Vieira, que o nomeou director-geral da empresa distribuidora de combustível Dicol. A partir daí, construiu o império que o coloca hoje no topo dos mais ricos da Guiné-Bissau.
Em 2002, o comerciante que nunca tinha pegado em armas abraçou o combate político e tornou-se presidente do PAIGC, o partido que travou a guerra de libertação contra o colonialismo português. Por essa altura, Nino Vieira já se encontrava no exílio em Portugal e o agora primeiro-ministro passava a ser o seu ódio de estimação.
As versões sobre o fim da amizade entre os dois homens diferem consoantes as fontes – familiares e apoiantes de Nino dizem que Cadogo Jr. se apropriou de bens do ex--presidente. Mas os indefectíveis do primeiro-ministro contam outras histórias: o chefe do governo terá adiantado, do seu bolso, dinheiro para compra de imóveis em nome do ex-presidente assassinado, que recusou o acerto de contas por entender que Carlos Gomes lhe devia muitos favores. Quando Nino regressou ao poder, em 2005, exonerou Carlos Gomes e colocou o ‘amigo’ Aristides Gomes no seu lugar. Três anos de péssima gestão ditaram o regresso de Cadogo ao poder. Agora com maioria absoluta. A luta surda entre os dois manteve-se. Até à morte de Nino.

"PERDOA, MAS NUNCA ESQUECE"
De aparência tranquila e falas mansas, Carlos Gomes Júnior é, no entanto, homem de ideias fixas e faz de uma frase de Mário Soares o seu lema. "Perdoa, mas nunca esquece. É muito solidário, está sempre disposto a ajudar quem precisa, mas detesta traições", contou ao CM um amigo íntimo. Restabelecer energia, luz e pacificar os militares são o seu grande cavalo-de-batalha.




Sem comentários: