Óbidos: Na capa a mulher que deu os cravos
Livro apresenta retratos de Abril
“No 25 de Abril houve concordância total para o derrube do regime fascista. Após o 25 de Abril verificaram-se divergências”, comentou Otelo Saraiva de Carvalho na noite de sexta-feira, em Óbidos, na apresentação do livro de fotografia ‘Retratos de Abril - 35 Anos Depois’, da autoria de Veríssimo Dias.
A sessão ficou marcada pelas profundas divergências entre alguns dos militares de Abril que participaram na apresentação – Otelo Saraiva de Carvalho, Manuel Monge e Mário Tomé – quanto ao rumo do País e das colónias portuguesas após a Revolução.
Manuel Monge, um dos membros do Movimento dos Capitães e da Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA), assumiu logo que “esta é uma obra onde estão muitas das pessoas que entraram no 25 de Abril e que têm visões muito diversas”. “A minha caminhada é muito diferente da do Otelo”, exemplificou.
“Há duas perguntas que se gosta de fazer: onde é que estava no 25 de Abril e como é que vê hoje o País. Devolveu-se a liberdade ao povo e o poder autárquico é das mais belas conquistas de Abril, mas defendo que se podia ter feito melhor na descolonização, sem abandonar as colónias”, afirmou Manuel Monge.
Já Mário Tomé sustentou: “Antes de se pensar na democracia, o que mobilizou os capitães foi a necessidade de acabar com a Guerra Colonial.”
“Depois da II Guerra Mundial começaram a cair as colónias da Inglaterra, França e Holanda. As nossas não iriam resistir e em vez de Salazar preparar uma solução política que visasse a independência das colónias, preparando quadros locais para assumir responsabilidades no poder político em Angola ou na Guiné, não só não fez isso como preparou militares para uma guerra sem nexo e que nem sequer devia ter sido iniciada, onde centenas de milhar de guerrilheiros e famílias morreram”, sublinhou Otelo Saraiva de Carvalho, que não tem dúvidas de que “se não tivesse havido Guerra Colonial não tinha havido 25 de Abril”.
Depois da queda do Estado Novo “uns quiseram levar por diante o programa político do MFA e outros viram a possibilidade de criar outras hipóteses de regime político em Portugal que não fosse exactamente a democracia burguesa representativa”, indicou o estratega do MFA.
Otelo Saraiva de Carvalho disse ainda ao CM que está “a estudar a estratégia” a adoptar para recusar a sua promoção a coronel de artilharia, por entender que não se enquadra na lei de reconstituição das carreiras militares, mas sim que devia ser promovido pela antiguidade.
Manuel Monge defendeu que “há um legado que tem ser recuperado – tornar a introduzir nos jovens o espírito de solidariedade, tal como na camaradagem dos militares, porque vivemos numa sociedade em que vale tudo”.
Foi com intuito de “perpetuar a memória e homenagear os militares” que Veríssimo Dias reuniu fotografias actuais de 130 intervenientes na Revolução e no período pós-25 de Abril, num livro prefaciado por Mário Soares.
Na capa está Celeste Martins Caeiro, a mulher que na madrugada de 25 de Abril de 1974 ofereceu cravos aos militares, colocados nos canos das espingardas, gesto que esteve na génese do nome “Revolução dos Cravos”.
A sessão ficou marcada pelas profundas divergências entre alguns dos militares de Abril que participaram na apresentação – Otelo Saraiva de Carvalho, Manuel Monge e Mário Tomé – quanto ao rumo do País e das colónias portuguesas após a Revolução.
Manuel Monge, um dos membros do Movimento dos Capitães e da Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA), assumiu logo que “esta é uma obra onde estão muitas das pessoas que entraram no 25 de Abril e que têm visões muito diversas”. “A minha caminhada é muito diferente da do Otelo”, exemplificou.
“Há duas perguntas que se gosta de fazer: onde é que estava no 25 de Abril e como é que vê hoje o País. Devolveu-se a liberdade ao povo e o poder autárquico é das mais belas conquistas de Abril, mas defendo que se podia ter feito melhor na descolonização, sem abandonar as colónias”, afirmou Manuel Monge.
Já Mário Tomé sustentou: “Antes de se pensar na democracia, o que mobilizou os capitães foi a necessidade de acabar com a Guerra Colonial.”
“Depois da II Guerra Mundial começaram a cair as colónias da Inglaterra, França e Holanda. As nossas não iriam resistir e em vez de Salazar preparar uma solução política que visasse a independência das colónias, preparando quadros locais para assumir responsabilidades no poder político em Angola ou na Guiné, não só não fez isso como preparou militares para uma guerra sem nexo e que nem sequer devia ter sido iniciada, onde centenas de milhar de guerrilheiros e famílias morreram”, sublinhou Otelo Saraiva de Carvalho, que não tem dúvidas de que “se não tivesse havido Guerra Colonial não tinha havido 25 de Abril”.
Depois da queda do Estado Novo “uns quiseram levar por diante o programa político do MFA e outros viram a possibilidade de criar outras hipóteses de regime político em Portugal que não fosse exactamente a democracia burguesa representativa”, indicou o estratega do MFA.
Otelo Saraiva de Carvalho disse ainda ao CM que está “a estudar a estratégia” a adoptar para recusar a sua promoção a coronel de artilharia, por entender que não se enquadra na lei de reconstituição das carreiras militares, mas sim que devia ser promovido pela antiguidade.
Manuel Monge defendeu que “há um legado que tem ser recuperado – tornar a introduzir nos jovens o espírito de solidariedade, tal como na camaradagem dos militares, porque vivemos numa sociedade em que vale tudo”.
Foi com intuito de “perpetuar a memória e homenagear os militares” que Veríssimo Dias reuniu fotografias actuais de 130 intervenientes na Revolução e no período pós-25 de Abril, num livro prefaciado por Mário Soares.
Na capa está Celeste Martins Caeiro, a mulher que na madrugada de 25 de Abril de 1974 ofereceu cravos aos militares, colocados nos canos das espingardas, gesto que esteve na génese do nome “Revolução dos Cravos”.
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