terça-feira, 3 de março de 2009

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ONG Associação humanitária prossegue missão
Voluntários de Coimbra entre os tiros de Bissau
A tarde caiu em Bissau, ontem, sob forte tensão, depois do assassinato de “Nino” Viera. Nas ruas cheias de gente, apenas três voluntários de Coimbra distribuíam água aos militares.
Não vão esquecer tão cedo esta aventura, os voluntários da Associação Memória e Gentes, de Coimbra. Na Guiné-Bissau desde o final da passada semana, em missão de entrega de equipamentos e bens às populações carenciadas, a equipa da organização não governamental conimbricense foi “apanhada” a meio dos acontecimentos de domingo à noite
“Preparávamo-nos para um churrasco, na capital, depois de uma caçada durante o dia, quando soubemos do tiroteio”. Fernando Ferreira, da associação humanitária, contou ao DIÁRIO AS BEIRAS que o ambiente que se viveu foi “estranhamente calmo”. Só mais tarde souberam que o ataque à bomba vitimara o general Tagmé Na Waié – chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e velho rival do Presidente Nino Vieira – e que, ao contrário do que inicialmente se supunha, não se tratava de um golpe de Estado.
O grupo tratou de recolher à “base” – a localidade de João Landim, onde a Associação Memória e Gentes está instalada, com os donativos enviados de Coimbra, para apoio a equipamentos de saúde e de educação do país. E aí ficaram, durante a noite, a 17 quilómetros do centro da capital guineense, onde a confusão e a falta de informações precisas reinavam. O receio maior ia, naturalmente, para a possibilidade de se tratar de uma investida dos barões da droga que, nos últimos anos, praticamente tomaram o país de assalto.
Ontem, entretanto, a situação evoluiu de forma abrupta.
Logo de manhã, soube-se do ataque à casa do Presidente. Pouco depois, a morte de João Bernardo Vieira foi confirmada. Até meio da tarde, Bissau passou a ser uma espécie de campo militar sem tiros nem combates. Talvez por isso, a população saiu à rua. Mas a pé, pois, tirando as viaturas militares, mais ninguém ousou andar de carro.
Cerca das 16H00, três elementos da Memórias e Gentes conseguiram, finalmente, uma “aberta” para vir à cidade. Com autorização s voluntários aventureiros encheram um jipe de centenas de garrafas de água – de Penacova, curiosamente – e trataram de “abastecer” os pontos de concentração de tropas. Uma benesse, pois só encontraram militares sedentos e famintos, depois de horas a fio de “alerta”.
Falando ao DIÁRIO AS BEIRAS, Fernando Ferreira descreveu a situação como “arrepiante, do ponto de vista humanitário, quer entre a população civil quer mesmo entre os militares”. Mas deixou claro que o ambiente que estavam a viver era “bastante calmo”, nada tendo a ver com o que se imagina ser uma insurreição militar. “Há tropas por toda a cidade, com vários controlos, sobretudo nas principais avenidas”, contou o empresário conimbricense.
A terminar, Fernando Ferreira aproveitou para tranquilizar os amigos e familiares, em Coimbra – “estamos todos bem” –, mas admitiu que o programa inicialmente delineado possa vir a sofrer alterações. “Para já, com as fronteiras e o aeroporto fechados, é quase impossível manter o regresso na próxima quintafeira

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