terça-feira, 3 de março de 2009
NOTÍCIAS
Comitiva de Coimbra está num acampamento a 15 quilómetros de Bissau
Expedição à Guiné-Bissau, que partiu no dia 20 de Fevereiro, preparava-se ontem de manhã para distribuir a ajuda humanitária.
A comitiva da associação humanitária Memórias e Gentes, que se encontra na Guiné-Bissau em missão, e a Cooperação Portuguesa preparavam o jantar quando se aperceberam dos primeiros tumultos. «Foi tudo extremamente rápido. Começou com uma explosão», contou ontem à tarde ao Diário de Coimbra Fernando Ferreira, um dos 22 elementos que saíram de Coimbra no passado dia 20 rumo à Guiné para distribuir material diverso naquele país africano.
Primeiro, foi o atentado ao chefe de Estado-maior general das Forças Armadas e, já de madrugada, seguiu-se o ataque que vitimaria o presidente Nino Vieira. Nessa altura, a comitiva, composta por pessoas de Coimbra e do Porto, estava bem perto do local dos acontecimentos. Logo de manhã, os portugueses foram transportados para um acampamento, a cerca de 15 quilómetros de Bissau, em João Landim, tendo-se juntado a eles mais três pessoas de Lisboa. «Agora estamos em segurança», garantiu Fernando Ferreira, realçando que mesmo na altura dos tumultos não tiveram problemas de maior. «Isto é entre eles. Até nos têm facultado passagem», frisou o empresário de Taveiro. Mesmo assim, «isto não é normal para nós, foi uma noite difícil de passar», confessou, acrescentando que no local onde agora se encontram estão sob protecção, contam com o apoio da Embaixada Portuguesa e até dispõem de uma piscina para se refrescarem do intenso calor que se faz sentir no país.
Com livre-trânsito da embaixada, Fernando Ferreira conseguiu regressar a Bissau ontem à tarde e constatou que, nas ruas, a situação se encontrava «calma». Entretanto, nas primeiras horas do dia, os telemóveis chegaram a estar cortados, mas as ligações acabaram por ser retomadas. As fronteiras, essas, permanecerão encerradas pelo menos por mais 24 horas, no entanto, não é, para já, intenção dos elementos da expedição humanitária regressar a casa antes de saber se há condições para distribuir todo o material transportado no contentor de 25 toneladas, aberto sexta-feira, debaixo de 40 graus.
E era, precisamente, para ontem, às 10h00, que estava marcada a distribuição às instituições. Agora há que ter «paciência» e aguardar pelos desenvolvimentos, explicou Fernando Ferreira, realçando ainda que a viagem desta sexta missão humanitária à Guiné-Bissau decorreu sem problemas.
Recorde-se que de Coimbra a Bissau foram percorridos cerca de cinco mil quilómetros em sete jipes e uma carrinha. Mais cedo seguiu o contentor com material didáctico, berçários, medicamentos, soro fisiológico e roupas para crianças.
À partida, a associação humanitária Memórias e Gentes propunha-se a construir o primeiro parque infantil de Bissau, levando dois escorregas, um baloiço duplo e duas tabelas de basquete. Em Varela, no norte do país, está em perspectiva uma creche e, em Capiane, no sul, onde surgiram os primeiros sinais de cólera, espera-se que ainda haja condições para a distribuição de medicamentos, que também deveriam chegar a Quebu, Fulacunda, Buba e Catió.
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