quinta-feira, 2 de abril de 2009

NOTÍCIAS


Corpos de militares em 101 locais da Guiné

30 Março 2009


niciam-se hoje os trabalhos de campo da terceira missão da Liga dos Combatentes à Guiné, no âmbito do projecto de "Conservação das Memórias" dos soldados portugueses mortos durante a Guerra Colonial
A Liga dos Combatentes (LC) identificou, na Guiné-Bissau, 101 locais e localidades onde estão enterrados 623 militares, portugueses ou de origem guineense, mortos durante a Guerra Colonial.
A informação foi recolhida no âmbito do projecto "Conservação das Memórias", criado e desenvolvido pela LC com o objectivo de localizar, identificar, recolher e transferir os restos mortais dos militares portugueses mortos durante a guerra nos antigos territórios ultramarinos de Angola, Moçambique e Guiné.
O processo da Guiné é o mais avançado, iniciando-se hoje, no Cemitério de Gabu, os trabalhos de campo para recolha das ossadas de 17 soldados (ver caixa) oriundos da então Metrópole que ali foram enterrados e vão ser transferidos - depois de se saber, através de amostras de ADN, que nomes correspondem a que ossadas - para o cemitério de Bissau.
A equipa portuguesa é formada por oito elementos, divididos em duas componentes: uma militar, chefiada pelo coronel Sebastião Goulão, e uma científica, coordenada pela antropóloga Eugénia Cunha.
Recorde-se que as duas missões anteriores se realizaram em Guidaje (Março de 2008) e Farim (Dezembro do mesmo ano), ambas coordenadas também por Eugénia Cunha.
No conjunto dos 623 militares cujas campas foram localizadas na Guiné, 171 pertencem a militares oriundos da então Metrópole e 452 são de soldados recrutados localmente, segundo os dados fornecidos ao DN.
A documentação da Liga inclui ainda referências - além dos dois que estão sepultados em Conacry - a 103 soldados desaparecidos e a outros 10 com localização desconhecida. De acordo com Sebastião Goulão, que aproveita a actual missão a Gabu para fazer uma viagem de reconhecimento ao sul da Guiné (preparatória de uma quarta operação de recolha de corpos nesse país lusófono), trata-se de situações em que os soldados morreram afogados ou não existem dados fidedignos sobre a localização das suas campas.
À excepção daqueles a quem as famílias queiram fazer regressar a Portugal (como sucedeu em 2008, com os últimos três pára- -quedistas sepultados na Guiné), a Liga transfere os restos mortais para a pequena área portuguesa do Cemitério de Bissau.
O presidente da LC, general Chito Rodrigues, defende que se "devia criar um Richebourg [cemitério militar português em França, onde estão 1861 sepulturas de soldados portugueses mortos na I Guerra Mundial] em Bissau".

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