sexta-feira, 17 de abril de 2009

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Guiné-Bissau: "Não devemos temer os militares" - Henrique Rosa

Bissau, 17 Abr (Lusa) - O ex-chefe de Estado da Guiné-Bissau, Henrique Rosa, e candidato às próximas presidenciais disse em entrevista à Lusa que não se deve temer os militares, que "representam um problema como todos os outros" no país.
"Nós estamos, quase que posso dizer, desorganizados e desarticulados, e nessa perspectiva é mais um problema igual aos outros que a função pública tem e todas as outras vertentes da nossa sociedade", disse o candidato às presidenciais que se disputam a 28 de Junho.
"As forças armadas são como os outros funcionários que temos na nossa administração pública, porque é uma instituição que precisa de ser dotada de homens e meios para desempenharem o seu papel", explicou ex-chefe de Estado de transição em 2003.
"Nessa perspectiva, não devemos temer os militares, que têm de se subordinar ao poder civil, em democracia é assim", afirmou, sublinhando a necessidade de um diálogo franco e natural: "Tão natural como se faz com qualquer outra instituição. Não haverá dificuldades", insistiu.
O candidato apelou, contudo, a um trabalho profundo e com maior sensibilidade, porque os militares têm armas e as "armas tiram a vida".
"Fora isso, penso que se for Presidente o diálogo será franco e aberto e é preciso ajudar os militares a saírem desta incompreensão que existe hoje sobre eles", declarou o candidato, que propõe uma presidência "ousada e moderna".
"Nós temos que ousar e incutir nas pessoas um sentido de auto-estima que estamos a perder, um sentido de pertença e dignidade e levantar a cabeça, porque todo o mundo olha para o guineense como sendo um animal raro e é necessário convertermos esta situação", explicou.
"Não podemos estar na situação que a Guiné-Bissau está em todas as suas facetas. Temos que nos consciencializar que temos de mudar e que esta mudança passa por esta modernidade e pela coragem e ousadia de fazer da Guiné-Bissau um país a caminhar para o bem-estar de toda a gente", referiu.
Afirmando que sente o país "bastante triste e a viver uma grande incerteza", Henrique Rosa disse que é importantes os dirigentes guineenses começarem a trabalhar para recuperar a Guiné-Bissau.
"É por causa disso que estas eleições devem acontecer em Junho. O arrastar desta situação pode ser muito grave, porque o país precisa de ter os seus dirigentes eleitos para ousarem tomar decisões e o povo precisa e exige que certas decisões sejam tomadas", salientou.
O antigo presidente do Benfica no país sublinhou igualmente que, neste momento, o país precisa de dirigentes "tranquilos, serenos e com grande capacidade de diálogo".
"Isso é que nos tem feito falta", afirmou. "A Guiné-Bissau é um país de futuro",

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